segunda-feira, 21 de junho de 2010

Educação Infantil

As experiências vivenciadas de 0 a 6 anos de idade são fundamentais na formação do ser humano. É um fato que o que se aprende nessa fase pode deixar marcas para o resto da vida. Mas a verdade é que o atendimento educacional a essa faixa sempre primou pela improvisação. Embora a Constituição de 1988 garanta a educação infantil, colocando-a como obrigação dos municípios, ao lado do ensino fundamental, só agora se atina para a importância de profissionalizá-la. Mas, se esse olhar mais atento não for acompanhado por ações efetivas da melhoria e qualificação de professores e estabelecimentos, continuaremos perdendo a chance preciosa de preparar milhões de crianças para uma infância mais sadia, educada dentro de princípios de respeito ao semelhante, ao meio ambiente e a si mesma.
Há quatro décadas, como a inserção maior das mulheres no mercado de trabalho, a procurar por creches e pré-escolas aumentou sensivelmente. Nestas, só no último ano, verificou-se aumento de 2,9 por cento de matrículas. São 4,2 milhões de crianças (2,8milhões na rede municipal). Para detalhar melhor as necessidades dessa clientela em expansão, o MEC promete censo específico para a educação infantil no próximo ano. As diretrizes curriculares já foram lançadas e se reconhece a urgência de especializar os 204 mil professores que atuam nessa área, muito absolutamente leigos. Mas ainda não se nota um consenso geral de que se deve exigir a mesma qualidade na educação infantil quanto de qualquer outro nível de ensino. A bem da verdade, as próprias famílias costumam encarar as “escolinhas” apenas como locais onde podem deixar seus filhos durante o dia.
Esse descompromisso em relação ao que se oferece às crianças pequenas não é privilégio brasileiro. Mesmo os países desenvolvidos, como os Estados Unidos, só agora acordam para a necessidade de mais atenção a essa faixa. Recentemente, a Associação Americana para o Progresso da Ciência divulgou um estudo realizado por duas décadas com dois grupos, ambos de comunidades carentes, um deles formado por pessoas que receberam cuidados educacionais de alta qualidade desde o primeiro ano de vida. Estas, como era de esperar, tiveram mais sucesso na escola até início da vida adulta. Com isso, os pesquisadores forneceram provas científicas de que a educação infantil favorece as conquistas educacionais. Resta convencer as autoridades a investirem nessa modalidade, para que não se desperdice a oportunidade de desenvolvimento oferecida pelos primeiros anos, ou meses de vida.
Levando em conta que é nas creches e pré-escolas que muitas crianças passam a maior parte do dia, é essencial que sejam atendidas por profissionais que lidem bem com todas as nuances da educação infantil, que saibam o que (e como) estimular numa crianças em determinada idade. É preciso, sobretudo, chamar os pais à escola, fazê-los participar do processo, para que eduquem seus filhos com maior segurança e sintam sua responsabilidade dividida com gente que entende do riscado.
Sabe-se, por exemplo, que, aos três anos, a criança já tenta comer e se vestir sem ajuda, coopera em algumas tarefas e aprende o sentido de palavras estrangeiras. Aos quatro, espontaneamente se socializa. Aos cinco, assume responsabilidades, auxilia na arrumação da casa ou sala de aula e se torna curiosa pelo mundo à sua volta. Aos seis, toma conta de crianças, canta e conta histórias.
Em resumo, o que se espera de uma instituição de educação infantil é que, através das brincadeiras e situações do cotidiano, estimule o desenvolvimento geral do aluno: dos cinco sentidos, do raciocínio lógico, da capacidade de comunicação e de socialização com o s colegas e adultos. É a fase certa para incentivar autoconfiança e criatividade, e passar uma noção de limites e respeito ao próximo. É a hora de ensinar-lhe a ajudar, cooperar e participar de um grupo. É o momento adequado para que aprenda a respeitar o meio ambiente, através de regras bem simples como não maltratar animais, ou sempre jogar papéis usados na cesta de lixo.
Parece uma tarefa sem maiores segredos, mas nem todos os professores, por culpa de sua formação precária, sabem o que fazer. Além disso, não são poucas as creches e pré-escolas de bairros pobres ou municípios distantes que sobrevivem como podem, às custas da boa vontade de pessoas cuja função se resume a olhar as crianças enquanto a mãe trabalha. Até que elas são jogadas na primeira série do ensino fundamental, onde, muitas vezes, ficam retidas, por terem faltado os primeiros estímulos necessários à aprendizagem. Ma isso se tornará coisa do passado assim que o governo e sociedade de conscientizarem de que crianças não nascem aos sete anos de idade, e reconhecerem a educação infantil como a primeira, e fundamental, etapa da educação básica.

Presidente da Associação Nacional dos Centros Universitários - Anaceu - Magno de Aguiar Maranhão

A Escola que a gente quer

Escola que a gente quer é a escola do prazer,
aquela que a gente pode ir todos os dias e nunca
sentir vontade de ir embora.

Não queremos uma escola que só tenha mesas,
cadeiras, quadro-negro e giz, mas sim uma
escola da experiência, da boa convivência e da clareza.

Se um dia alguém trouxer um peixe que foi pescado
no riacho da nossa casa, ele será nosso
objeto de estudo.

Se um dia trouxermos o morador mais antigo da
nossa comunidade, ele será objeto de estudo.

Esta é a nossa vida, a nossa realidade, a nossa
democracia.

Oh! Que escola maravilhosa, aquela onde nossa
professora não é a dona de toda a verdade, mas
sim fiel, companheira e cúmplice de todos os bons,
dos ruins, dos tristes e dos alegres momentos, a
facilitadora da aprendizagem.

O que a gente deseja é aprender tudo ou quase
tudo e que um dia possamos dizer com todas as letras.

Que saudade da minha escola maravilhosa!